Estava tão irritada que não conseguia mais caminhar. Não quis saber se alguém repararia em mim, deixei que minhas pernas fizessem o que bem entendessem. Assim que sentei, coloquei a cabeça entre as pernas, tampei o rosto com as mãos e comecei a chorar. Lágrimas com um gosto que há muito eu não sentia, gosto do medo. Mesmo sem ver, eu tinha consciência dos olhares em minha direção, eles eram pintados de receio e pena. Pouco me importava o que sentiam por mim, a única pessoa que me machucava com um sentimento era eu mesma. O sabor amargo da insegurança era forte, e ódio que ele despertava, insuportável. Tao incomodo que me deu impulso, levantei e corri, fugindo para algum lugar seguro, longe de mim. Em minha fuga sem sentido, achei abrigo nos braços daquela de quem os homens tem tanto medo. E com inesperada e doce voz me falou: só é corajoso aquele que conhece o medo.