Por imaturidade, permiti que despedaçassem meu coração.
Por necessidade, recolhi cada pequeno pedaço e comecei a reconstruí-lo.
Por loucura, deixei que entrassem em meu peito vazio.
Por natureza, me importei.
Por burrice, não impedi que acabassem com o pouco que consegui arrumar.
Por ser humana, chorei.
Por ser quem sou, aprendi.
Por amor, segui em frente.
Sigo.
domingo, 20 de março de 2011
segunda-feira, 14 de março de 2011
Um homem
"Sua inteligência absolutamente fora do comum de tão grande, a princípio me deixou embaraçada. Tive que me habituar ao jargão da grande inteligência. É normalmente sério, mas tem um sorriso- não, não vou dizer que o seu sorriso lhe ilumina o rosto todo. Mas, enfim, é a verdade. Ele não tem medo do lugar-comum, o tal engajamento o leva à atmosfera de sua inteligência. Esta muitas vezes usa sofismas, que são a astúcia de quem pode. Entendo-o não com a cabeça, que não alcançaria a sua, mas com minha pessoa inteira. Aliás, ele é uma pessoa inteira. Seus olhos muito negros não se desviam: ele não tem medo de olhar os homens no profundo dos olhos. Dá vontade de sorrir com ele. Se eu soubesse. Aliás, preciso me habituar a sorrir mais, senão pensam que estou com problemas e não com o rosto apenas sério ou concentrado.Voltando ao homem: quando ele diz 'até amanhã', sabe-se que o amanhã virá. Ele tem ligeiro mau gosto na escolha dos objetos de adorno que compra. Isso me dá ternura. Ele é inconsciente de que eu o vejo tanto, não tantas vezes, mas tanto. "
Clarice Lispector
Clarice Lispector
quarta-feira, 9 de março de 2011
Melhor amigo inimigo
Não mudei. Sou a mesma pessoa de antes, talvez com uma dose a mais de maturidade, mas a mesma. Mudanças requerem muito mais do que isso, apenas perdi a insanidade, a obsessão. Um breve momento para entender o que me disseram certa vez. Não é possível entregar-se sem o auto-conhecimento. Mas este trouxe consigo a realidade. As pessoas precisam de mim, não duvido disso, jamais. Eu preciso mais ainda de mim, porém. Precisava vestir-me de mim. Sentir que estava em casa debaixo de minha pele. Não foi tarefa fácil e muito menos difícil. Aconteceu sem a minha permissão, eu não estava consciente daquilo. As mais necessárias coisas nos acontecem quando não esperamos mais nada de ninguém. Como confiar na decisão de alguém que não sabe mais o que deseja ou não, pois por sua mente só passa um único e inútil pensamento? Melhor confiar em meu pior inimigo, ele na intenção de causar o mal, me arrancaria aquele que tivera meu amor. Em terrível ato falho me daria exatamente aquilo que eu tinha tamanha carência. O beijo da morte me traria de volta a vida. Sentiria afeto, então. Ao olhar meu pior inimigo. Espelho. Meu único inimigo.
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